segunda-feira, 2 de abril de 2012

JOÃO MINEIRO E MARCIANO

            João Sant'Ângelo e José Marciano, ou simplesmente João Mineiro e Marciano foi uma dupla de músicos brasileiros do estilo sertanejo. Fizeram sucesso nos anos 80, tendo um programa na TV, mas separaram em 1993.

A dupla sertaneja João Mineiro e Marciano teve início em 1970 após João Mineiro desfazer uma parceria que já durava 8 anos com a dupla João Mineiro e Zé Goiás tendo a sorte de encontrar José Marciano, que planejava formar uma dupla sertaneja voltada para a música romântica. O primeiro álbum, da então dupla recém-formada, foi lançado em 1973 pela gravadora Chororó Discos, e obteve sucesso com as músicas: “Filha de Jesus” e “Chovisco da Madrugada”, em parceria com o poeta Goiá a prensagem do disco foi paga por João Mineiro.
Devido ao sucesso, e também ao fato de que a música sertaneja ser muito tocada no Brasil, João Mineiro e Marciano chegaram a apresentar um programa musical no SBT nos anos 80, nas manhãs de domingo, que levava o nome da dupla. Apesar da carreira bem sucedida até aquele momento, e fazendo turnê nos Estados Unidos em 1990, gravando disco em espanhol em 1991, e lançando o disco “Dois Apaixonados”, a dupla se desfez em 1993, por razões ainda não muito esclarecidas, fazendo desse disco o último da carreira dos dois.
 Após a separação em 1993 João Mineiro formou a duplas como: João Mineiro e Marino e João Mineiro e Marcian (isto mesmo sem o "O" no final) ambas formações gravaram um disco apenas pois a dupla que se consolidou foi João Mineiro e Mariano que se manteve até o dia 24 de Março, quando faleceu João Mineiro. Marciano seguiu carreira solo até os dias de hoje.


Em 2008, João Mineiro & Mariano, realizaram turnê pelo Brasil e estariam preparando um DVD com a participação de grandes nomes, como Milionário & José Rico, Teodoro & Sampaio, Cezar & Paulinho e outros. O DVD (intitulado “Coração não Cansa”) conteria quatro músicas inéditas.
No dia 24 de março, de 2012, uma noite de sábado, João Sant'Angelo, o João Mineiro, falecia em sua casa em Campo Limpo Paulista depois de passar mal e vindo á ter uma parada cardíaca, depois de complicações devido á uma cirurgia de vesícula. Ele sofria de Diabetes e estava internado em Jundiaí, onde foi velado até às 16:30 horas e depois levado para sua cidade natal Andradas Sul de Minas Gerais.
No final do ano de 2007 tive a oportunidade de conhecer a dupla João Mineiro e Mariano, no dia 30 de dezembro de 2007 fui convidado para abrir um show da dupla na cidade de Ibitinga.

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terça-feira, 20 de março de 2012

CASCATINHA E INHANA


Francisco dos Santos (Cascatinha), nascido em Araraquara (SP), em 20/4/1919, faleceu em São José do Rio Preto (SP), em 14/3/1996 e Ana Eufrosina da Silva Santos (Inhana), nascida em Araras (SP), nasceu em 28/3/1923, faleceu em São Paulo (SP) no dia 11/6/1981. Nascidos no interior de São Paulo, desde cedo a dupla apaixonou-se pela poesia da música sertaneja. Francisco dos Santos já tocava bateria e violão e se apresentava cantando modinhas, canções e valsas românticas. Quando da chegada do circo Nova Iorque na cidade de Araraquara, Francisco conheceu o cantor Chopp e resolveu formar dupla com ele, adotando então o nome artístico de Cascatinha, nome de famosa cerveja da época, para estar de acordo com o nome do parceiro.  Por essa época, Ana Eufrosina se apresentava como solista em um conjunto formado por seus irmãos. A dupla Chopp e Cascatinha se apresentava em circos. Francisco e Ana se conheceram e casaram em 1941. Formou-se então o Trio Esmeralda, com Chopp, Cascatinha e Inhana, nome artístico adotado por Ana.  O Trio Esmeralda viajou para o Rio de Janeiro obtendo relativo sucesso. Receberam prêmios nos programas César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, Manuel Barcelos e "Papel carbono", este de Renato Murce, ambos na Rádio Nacional.
Em 1942 o Trio se desfez com a saída de Chopp. Cascatinha e Inhana ingressaram então no Circo Estrela D'Alva, com o qual fizeram excursão pelo interior dos estados do Rio e de São Paulo, para onde retornaram. Em São Paulo continuaram a atuar em diversos circos, tendo permanecido por cinco anos no Circo Imperial.  Em 1947 se apresentaram na Bauru Rádio Clube, que primeiro apresentou a nova dupla em rádios, nos programas "Luar do sertão" e "Cirquinho do Benjamim". Em 1948, passaram a atuar na Rádio América em São Paulo. Em 1950, foram contratados pela Rádio Record onde permaneceram atuando por doze anos. 

Em 1951, estrearam em disco pela Todamérica cantando a canção "La paloma", de Iradier e Pedro Almeida, e a toada brejeira "Fonteiriça", de José Fortuna, um dos compositores favoritos de Cascatinha. Em 1952, gravaram aqueles que seriam dois de seus maiores sucessos, assim como da própria MPB. Eram a canção "Meu primeiro amor" de H. Gimenez com versão de José Fortuna e Pinheirinho Jr., e a guarânia "Índia" de J. Flores e M. Guerrero, com versão de José Fortuna. A guarânia "Índia" vendeu 300 mil cópias em seu primeiro ano de lançamento e até a segunda metade dos anos 1990 vendeu mais de três milhões de discos. "Índia" mereceu ainda diversas gravações ao longo do tempo como as de Dilermano Reis ao violão, Carlos Lombardi, Trio Cristas e Valdir Calmon e sua orquestra. Em 1973 Gal Costa regravou "Índia", que deu nome a seu LP daquele ano e que obteve grande sucesso.  Cascatinha e Inhana receberam em 1951 e 1953 o Prêmio Roquette Pinto. Em 1953, gravaram a toada "Mulher rendeira" tema folclórico com arranjo de João de Barro. Em 1954, receberam a medalha de ouro da revista "Equipe" e ganharam o slogan de "Os sabiás do sertão", devido aos recursos vocais e às agradáveis nuances desenvolvidos pela dupla.


Em 1953, continuando a trajetória de sucessos, lançaram as guarânias "Assunción", de José Fortuna e Federico Riera, e "Flor serrana", de Daniel Salinas e José Fortuna. A partir dessa época, seus nomes estiveram ligados à música paraguaia. Em 1955, estiveram no filme "Carnaval em lá maior", de Ademar Gonzaga, onde cantaram "Meu primeiro amor", outro grande sucesso.  Em 1956, lançaram mais um disco com versões de compositores paraguaios: a canção "Recordações de Ipacaraí", de D. Ortiz e Z. de Mirkim, com versão de Juraci Rago, e a guarânia "Noites do Paraguai", de S. Aguayo e P. J. Carles com versão de Nogueira Santos. Em 1959, lançaram outro de seus maiores sucessos, a guarânia "Colcha de retalhos", de Raul Torres. No mesmo ano, Cascatinha foi promovido a diretor artístico da Todamérica, descobrindo vários talentos.  Em 1972, alcançaram sucesso com "Olhos tristonhos", de Dora Moreno. Em 1978, apresentaram no Teatro Alfredo Mesquita em São Paulo espetáculo no qual contavam sua trajetória artística. Ao longo da carreira apresentaram-se em diversos estados brasileiros, cantaram em circos, teatros e gravaram cerca de 30 discos. Em 1996, a Chantecler, dentro da série "Dose dupla", lançou o CD "Cascatinha e Inhana", com 23 composições gravadas pela dupla, entre as quais, "Índia", "Solidão", "Meu primeiro amor" e "Colcha de retalhos".
SUCESSOS INESQUECÍVEIS


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domingo, 11 de março de 2012

MULHERES DA MÚSICA SERTANEJA RAIZ

AS IRMÃS GALVÃO

Mary e Marilene: estas são As Galvão. Com mais de 300 músicas gravadas, o duo, que tem como lema uma frase de Albert Einstein "Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo", continua a encantar seu público cativo e a conquistar novos fãs. Foi na Rádio Club Marconi, de Paraguaçu Paulista (SP), no ano de 1.947, que Mary, nascida em Ourinhos (SP), e Marilene, em Palmital (SP), nasceram artisticamente como Irmãs Galvão. Na época elas tinham sete e cinco anos, respectivamente. Incentivadas pelos pais, Bertholdo e Maria, e por Mário Pavanelli, a estréia foi em um programa comandado por Sidney Caldini. Depois de passarem pelas rádios Difusora de Assis (SP) e Cultura de Maringá (PR), elas sonhavam ir para São Paulo. A oportunidade veio por meio do Dr. Miguel Leuzi, proprietário de uma rede de emissoras, que as recomendou para uma apresentação na Rádio Piratininga de São Paulo. Lá chegando, foram inscritas em um programa de calouros, "Torre de Babel", sob o comando de Salomão Ésper. Não concorreram ao prêmio, mas cantaram, encantaram e se tornaram profissionais da emissora. A boa repercussão da participação rendeu-lhes uma melhor oferta para cantarem na Rádio Nacional, atual Globo e, em seguida, um contrato pela Rádio Bandeirantes, para os programas "Na Serra da Mantiqueira", apresentado por Comendador Biguá, e "Brasil Caboclo", por Capitão Barduíno. Agradaram em cheio e foram procuradas e contratadas por Diogo Mulero, o "Palmeira", diretor artístico da RCA Victor. Veio, então, o primeiro 78 rotações da carreira e a agenda, já bem recheada de shows, ficou repleta de compromissos devido ao sucesso que as músicas "Carinha de Anjo" e "Rincão Guarani" faziam nas rádios de todo o Brasil. Além da RCA, ao longo da carreira a dupla passou pelas gravadoras Chantecler, CBS, Phillips, Continental, Warner e, atualmente, a Atração. Circos, estúdios de rádios, teatros, ginásios, clubes, casas de cultura, praças. Por onde passavam deixavam impressos o valor, a dignidade e o respeito com que a música sertaneja pode e deve ser levada ao público, seja ele urbano ou rural. Mary e Marilene sempre se preocuparam com tudo em suas apresentações, principalmente com a maneira de vestir-se. O povo do campo se prepara com o que tem de melhor para ir às festas da cidade, daí o empenho de ambas em vestir suas melhores roupas, em respeito e retribuição ao público de modo geral, que sempre teve e tem para com elas, além de admiração, o maior carinho.

O sucesso dos primeiros programas exclusivamente sertanejos na televisão garantiu uma posição de prestígio a este gênero musical, que passou a ser mais executado do que a chamada "música urbana". E as Irmãs Galvão sempre estavam entre as figuras de proa no "Viola, Minha Viola", "Som Brasil", "Canta Viola", "Especial Sertanejo" e "Musicamp", entre outros.Este fato alavancou a comemoração do Cinqüentenário da Música Sertaneja em um espetáculo realizado no Estádio do Pacaembu, tendo entre seus apresentadores nomes importantes como José Russo, Carlito Martins e Geraldo Meirelles.Em 1985, o Maestro Mário Campanha começa a produzir os discos da dupla e com ela inaugurar uma fase mais moderna. Assim, em 1985, lançam a lambada "No Calor dos Teus Abraços" e, com este LP, ganham Disco de Ouro, o que as projeta nacional e internacionalmente, com músicas tocadas em Portugal, no Canadá e na Suíça. Outros discos e prêmios vieram, entre os quais Prêmio Sharp, Prêmio Caras de Música e indicação ao Grammy Latino. Foi nesta fase que sentiram a necessidade de uma mudança e consultando a numerologia feita por Baralites Campanha, adotaram o nome As Galvão, sem deixarem de ser Irmãs. "Beijinho Doce" (originalmente gravada pelas Irmãs Castro, em quem se espelharam no começo da carreira) "No Calor dos Teus Abraços", "Pedacinhos", "Coração Laçador", "Menino Canoeiro" e "Lembrança" são alguns de seus sucessos. "Pecado Louro", "Não Me Abandones" e "Apenas Um Pecado", lançadas pelas Galvão, foram, mais tarde, regravadas por várias duplas. A cada show que faz, o duo sabe da responsabilidade de dar o melhor de si no palco e intui o que o público está querendo ouvir. E é o público, então, quem passa a ser o diretor musical do espetáculo. Um fato que deixa Mary e Marilene felizes é saber que suas canções já embalaram muitos romances por todo o Brasil. As Galvão não se esquecem jamais de sua história de vida. E Sapezal (SP) faz parte desta história. Foi lá que passaram uma parte da infância e foi de lá que, junto com os pais, seus principais incentivadores, partiram em busca da concretização dos seus sonhos. Depois de um longo caminho feito de dificuldades, lutas e também muita esperança, o sonho de encantar o Brasil com suas belas vozes foi realizado, tanto que o radialista Toni Gomide, carinhosamente, intitulou-as "As Vozes do Século". Um palco, um microfone. É assim que a dupla se sente "em casa" e dá seu melhor recado, contando "causos" e cantando. E tudo de forma simpática, engraçada, comovida, sincera e afetuosa.
Livrinho de Modinhas – Editora Prelúdio ( décadas de 50/ 60 e 70)

No tempo dos 78 rotações, eram gravadas apenas 02 músicas em cada disco e se lançava no máximo 03 discos por ano. Os ouvintes e fãs, através de cartas, escolhiam as preferidas que os artistas cantavam ao vivo na rádio. Essas canções eram lançadas no livrinho com as letras para que o público acompanhasse

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INEZITA BARROSO

Inezita Barroso, nome artistico de Ignez Magdalena Aranha de Lima (São Paulo, 4 de março de 1925), é uma cantora, atriz, instrumentista, folclorista, professora, doutora Honoris Causa em folclore e arte digital pela Universidade de Lisboa e apresentadora de rádio e televisão brasileira, atuando também em shows, discos, cinema, teatro e produzindo espetáculos musicais de renome nacional e internacional. Nascida numa família aristocrática e apaixonada pela cultura e, principalmente, pela música brasileira, Inezita começou a cantar e tocar violão e viola desde pequena, com sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório e aprendeu piano. Formou-se em biblioteconomia pela USP, antes de se tornar cantora profissional, em 1953. Com o primeiro disco, vieram também os primeiros sucessos: o clássico samba Ronda, de Paulo Vanzolini e a caipiríssima Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres, que se tornou a mais célebre das interpretações. Ultrapassou a marca de cinquenta anos de carreira e de oitenta discos gravados, entre 78 rpm, vinil e CDs.
Desde 1980 comanda o programa de música caipira Viola, Minha Viola, pela TV Cultura de São Paulo. Apresentou no SBT um programa musical, aos domingos pela manhã que levava seu nome.
Com a aproximação do decanato do falecimento do pianista Pedrinho Mattar, seu amigo e colega de composições e interpretações, surge grande expectativa com relação à esperada publicação da obra final deste músico, intitulada "O Portal". Grupos de entusiastas e admiradores de Mattar, que aguardam ansiosamente pela publicação da obra, afirmam que haveria co-parceria de Inezita Barroso em um dos movimentos da referida composição. O afamado violoncelista húngaro, naturalizado português, Alfonso Orelli, apresentou trechos da suposta composição, aos quais teria tido acesso durante uma turnê na qual tocou ao lado de Mattar. Dentre tais trechos, Orelli identificou forte influência da música dita "Caipira-Sertaneja" na segunda parte do primeiro movimento. Tem-se atribuído a Inezita Barroso a influência musical sobre esta parte da composição.
Inezita Barroso é reconhecida também como atriz de teatro e cinema. Por onde atuou, ela ganhou prêmios importantes, como o Troféu Roquette Pinto, como Melhor Cantora' de rádio; o prêmio Guarani, como melhor cantora em disco, além de ganhar também o Prêmio Saci de cinema. Em 2003, foi condecorada pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin com a Medalha Ipiranga, recebendo o título de comendadora da música raiz.
Na cidade de Barnabé, no interior paulista, o novo hospital do câncer, projeto financiado pela UNESP - Universidade do Estado de São Paulo, foi batizado em homenagem à artista (Hospital Inezita Barroso). Durante a inauguração a cantora, emocionada, garantiu que não medirá esforços no apoio à luta contra o câncer. Dois anos depois, tornou-se a principal patrocinadora dos projetos de pesquisas para eventuais vacinas contra o câncer, desenvolvidos nesta instituição. Desde a década de 1980, Inezita Barroso ainda arranja um espaço na agenda para dar aulas de folclore. Atualmente, leciona nas faculdades Unifai e Unicapital, onde recentemente recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro.

 As apresentações de Inezita Barroso nos países latino-americanos e africanos tâm criado uma nova aura de sucesso para a cantora, indicada para o Grammy sulafricano na categoria de artistas vocais populares internacionais e regionais. Os concertos de Inezita Barroso em tais países têm gradualmente excedido a audiência de outros artistas nacionais e internacionais com maior exposição midiática, adeptos de música denominada "pop" (abrev. de Popular).
Ao contrário do que o público costuma esperar da artista, Inezita Barroso tem também trabalhado em interpretações de autores mais atuais da MPB, de outras vertentes que não apenas a caipira/sertaneja. Gravações recentes mostram a cantora interpretando obras de Ella Fitzgerald e outros nomes do jazz tradicional e blues.

No programa "Roda Viva", da Rede Cultura de Televisão, que contou com a presença da cantora como principal entrevistada, em 2004, Inezita Barroso afirmou ser contra a propagação e troca eletrônica de músicas. Embora concorde que o uso de músicas em formatos digitais em notebooks e dispositivos portáteis (iPod, etc) pode facilitar o acesso dos jovens à cultura, afirmou que participa de manifesto de artistas brasileiros junto às gravadoras pedindo ações que proíbam e fiscalizem de forma mais eficiente a pirataria.

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sábado, 3 de março de 2012

OS PRIMÓRDIOS DO RÁDIO NO BRASIL E O SURGIMENTO DA DUPLA SULINO E MARRUEIRO.

        A inauguração oficial do rádio no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922. No ano em que se comemorou o I Centenário da Independência do Brasil (1922), ocorreu no Rio de Janeiro, uma grande feira internacional, a Exposição do Centenário da Independência, na Esplanada do Castelo, que recebeu visitas de empresários americanos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos.


       Para testar o novo meio de comunicação, os americanos da Westinghouse Electric instalaram uma estação de 500 W e uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor). O público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, Epitácio Pessoa e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal, isso tudo além de conferências e diversas atrações. Muitas pessoas ficaram impressionadas, pensando que se tratava de algo sobrenatural. A primeira transmissão radiofônica do discurso do presidente Epitácio Pessoa, foi captada em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores. A reação visionária de Roquette-Pinto a essa tecnologia foi: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo". No mesmo ano, nos Estados Unidos, surgiu a primeira emissora comercial, a WEAF, de Nova Iorque, criada pela companhia telefônica American Telephone and Telegraph (atual AT&T). Depois da primeira transmissão no Brasil em 1922, Roquette Pinto tentou sem sucesso convencer o Governo Federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional. Roquette Pinto (1884/1954) foi um médico legista, professor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro. Para o bem da comunicação do Brasil, Roquette-Pinto não desistiu, e conseguiu convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Foi então criada a primeira rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro - atual Rádio MEC, fundada em 1922, e dirigida por Roquette-Pinto, com um possante transmissor Marconi com dois mil wats de potência - o melhor da América do Sul - e a criação de uma escola de radiotelegrafia. Menos de um ano mais tarde, em 20 de Abril de 1923, foi inaugurada a primeira rádio brasileira, a "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro", fundada por Roquete Pinto e Henry Morize. Henri Charles Morize ou Henrique Morize (1860/1930) foi um engenheiro industrial, geógrafo e engenheiro civil francês, naturalizado brasileiro; Morize foi também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências. Voltada para a elite do país, a programação da rádio incluía ópera, recitais de poesia, concertos e palestras culturais e tinha uma finalidade cultural e educativa. Como os anúncios pagos eram proibidos, a rádio era mantida por doações de ouvintes.


       Roquete Pinto definiu bem como foi à primeira transmissão de rádio no Brasil: ―Tudo roufenho, distorcido, arrombando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores conseqüências. Essas frases fazem parte do discurso dele sobre a primeira transmissão radiofônica no Brasil, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, 1922.

      Em 1926, foi inaugurada a Rádio Mairynk Veiga, seguida da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, Pará e Pernambuco. A tecnologia era ainda muito incipiente, pois os ouvintes utilizavam-se dos rádios de galena montados em casa, quase sempre por eles mesmos, usando normalmente caixas de charutos. Isso se tornava possível pelo fato dos aparelhos serem compostos por apenas cinco peças, segundo ensinava José Ramos Tinhorão em seu livro editado em 1990. Como visto, no Brasil, as primeiras transmissões AM surgiram com a emissora de Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que em 1936 iria transformar-se em Rádio Ministério da Educação, que propagaria o ensino à distância.
        As freqüências AM foram fundamentais na vida do brasileiro em meados do século XX. As rádios de longo alcance, como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Super Rádio Tupi e a Rádio Record, que atingiam quase 100% do território nacional ajudaram a propagar os times cariocas e paulistas de futebol por todo o Brasil. O crescimento do rádio na sua primeira década de existência no Brasil se deu de forma lenta, pois como dissemos a legislação brasileira não permitia a veiculação de textos comerciais o que dificultava a sobrevivência financeira das Rádio-Sociedades, ou seja, sobreviviam de doações de amigos e sócios. Bem verdade que tal fato não impedia que as emissoras mesmo não produzindo intervalos comerciais, tivessem seus programas patrocinados por anunciantes específicos cujos produtos eram recomendados ao público ao longo do programa. Nos primeiros anos o alcance do rádio era pequeno em termos de público, pois o preço dos aparelhos receptores era alto, tornando-os inacessíveis a grande parte da população. Nas modalidades rádio-sociedade e rádio-clube2, que, depois da criação da primeira estação de rádio, surgiram em todo o Brasil, o princípio era o mesmo: um grupo de pessoas pagava uma mensalidade para a manutenção do equipamento e o salário dos funcionários, e alguns ainda cediam discos para serem ouvidos por todos. Foi essa característica, adotada por Roquette-Pinto, que tornou possível, num primeiro momento, uma incipiente radiodifusão, que só se tornou um meio de comunicação de massa na década de 1930, com a introdução do rádio comercial e a redução do preço dos receptores. A percepção da potencialidade do rádio não era, como se extrai das palavras de Albert Einstein, privilégio apenas das pessoas que lidavam com o novo meio: em 1925, em visita ao Brasil, ele recomendava ―cuidado na utilização do rádio, pois, se mal usado, as conseqüências poderão ser lamentáveis.
           A partir de 1927, começa a era eletrônica do rádio. O som dos discos não precisa mais ser captado pelo microfone, pois o toca-disco tinha sido conectado a uma mesa de controle de áudio e podia ter seu volume controlado eletronicamente. Com estúdios mais ágeis, as produções dos programas radiofônicos ficam mais aprimoradas.
         Com a conformação do rádio espetáculo no início dos anos 1930 a partir do trabalho de César Ladeira, primeiro na Record, de São Paulo, e depois na Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, criam-se as possibilidades concretas para que o veículo atenda às necessidades de divulgação de produtos e serviços de terceiros. A ele, Ortriwano (1985, p. 17) atribui a criação do elenco exclusivo e remunerado, base da profissionalização do meio que irá permitir o surgimento dos programas de auditório, humorísticos e novelas, principais conteúdos para o mercado anunciante da época. Os indícios existentes levam a crer, (Tota 1990, p.71), que a compra da Record, em 1931, por um grupo integrado por Paulo Machado de Carvalho, permite à estação ―estruturar-se como uma moderna empresa de comunicação, acompanhando o processo geral de transformações que caracterizou o Brasil dos primeiros anos da década de 1930.

O SURGIMENTO DA DUPLA SULINO E MARRUEIRO
Nos anos 1940 e 1950, o rádio era o meio de comunicação de massa mais importante do Brasil e a maior parte da música veiculada era tocada ao vivo pelos conjuntos regionais, bandas, cantores, cantoras e orquestras. E os programas denominados sertanejos, nas rádios do sul e sudeste do País, projetavam a música caipira. Em um desses programas, “Serra da Mantiqueira”, de Sílvio Frota, na Rádio Bandeirante, em São Paulo, surgiria a dupla Sulino (Francisco Gottardi, 1924-2005) e Marrueiro (João Rosante, 1916-1978), tradicionais cultivadores da moda de viola. Antes, em 1942, Francisco adotara o nome artístico de Limeira, para formar a dupla Limeira e Limeirinha (Amélio Posso).
    A dupla acabou em 1945, quando, também, João Rosante deixa o Trio Saudade (havia ainda Nenete e Nininho) e despreza o apelido Ninão. Passa a ser Marrueiro, enquanto Francisco substitui Limeira por Sulino. Juntos, formam o Trio Campeiro, com participação do sanfoneiro Castelinho, que tocou no grupo até 1949; ao sair, deixou formada a dupla Sulino e Marrueiro - que se firmou como intérprete de modas de viola. Impossível separar esta dupla da moda de viola; são dezenas de canções clássicas compostas por Sulino ou divididas com outros letristas e que os dois interpretaram ao longo da carreira. O LP “Sua Majestade a Moda de Viola” é um dos exemplos.
     A letra da moda de viola conta fatos históricos ou relacionados à vida das pessoas onde é composta, dando vida aos episódios na voz do violeiro. E Sulino e Marrueiro fazem isso em suas modas, a exemplo dos clássicos “A boiada do Araguaia”, “Herói sem medalha”, “João boiadeiro” (Sulino e Sebastião Víctor ), “Laço de couro” (Zé Paioça), “Nelore valente” (Antônio Carlos da Silva), “O erro da professora” (Teddy Vieira), “O milagre do retrato” (Paulo Calandro), “O peão e o ricaço” (Moacyr dos Santos), “Cachorro Corumbá” e outros
   Não se deve confundir a moda de viola “João boiadeiro” gravada por Sulino e Marrueiro, em 1964, com o rasqueado de Moreninho, que fala de João boiadeiro, primeiro brasileiro a receber um coração transplantado, em 1968. Muito menos com uma outra moda de viola, gravada por Tonico e Tinoco em 1961, e com o mesmo título e de autoria de Pedro Capeche e Chiquinho.  A moda de viola, diz o  Dicionário Cravo Albin da MPB, é uma narração em ritmo recitativo, onde o cantador conta uma história. A melodia é solta, como se fosse uma poesia falada com acompanhamento musical. Normalmente são cantadas em duas vozes, com intervalo musical de terça  acompanhamento de viola. A métrica geralmente é de sete sílabas (redondilha maior), às vezes aparece de cinco sílabas (redondilha menor).

Cultivadores deste ritmo, Sulino e Marrueiro gravaram o primeiro disco na Copacabana, em 1949, com o cururu “Morena de olhos pretos”, de Sulino e Teddy Vieira, e a moda de viola “Cachorro Corumbá”, de Teddy Vieira e Ado Benatti. Com o sucesso, em1952 estrearam no programa “Brasil Caboclo”, da Rádio Bandeirante, apresentado pelo Capitão Barduíno. De 1954 a 1957 gravaram na Victor sucesso como “Abismo cruel” (Sulino e Zé Fortuna), “Mandamentos do chofer” (Sulino e Ado Benatti) e “Florisbela” (Sulino e Zé do Rancho).
Em 1958 lançou com sucesso o primeiro disco sertanejo da Chantecler, “A volta do boiadeiro” (Sulino e Teddy Vieira) e “Juramento quebrado” (Sulino e Carreirinho), em 78 RPM. Lançou ainda pela mesma gravadora “Peão da cidade” e “O peão e o ricaço” (ambas de Sulino e Moacir dos Santos). Permaneceram na Chantecler de 1958 a 1968. Em 1969, pela Cartaz, a dupla lançou o LP “Laço de couro”, título de uma das faixas da gravação.
Em 1970 lançaram pela Califórnia, entre outras composições, “Aniversário da mamãe” (Sulino e Nelson Gomes), “Tenho fome e tenho sede” (Sulino), “Caboclo do pé quente” e “Empreitada perigosa” (ambas de Sulino e Moacir dos Santos). Do LP da Beverly, de 1971, destacam-se “Duas rosas” (Sulino e Moacirdos Santos), “Meu querido sertão”, “O jogador de baralho” e “Viola amiga” (todas com Quintino Eliseu). Gravaram outros LPs pela Tropicana (1973), Japoti  (1975) e Continental (1994).
Além de cantor e compositor, Sulino escreveu peças teatrais, apresentadas ainda hoje em circos de todo o Brasil, entre elas a “Volta do boiadeiro”, “Quatro caminhos”, “Quatro pistoleiros a caminho do inferno”, “Vingança se escreve com sangue” e “Cada bala uma sepultura”. Depois da morte de Marrueiro, em 1978, o parceiro Sulino formou nova dupla com Amarito (Roberto Amâncio) e gravaram entre 1978 e 1982. Sulino morreu em 2005.
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sábado, 25 de fevereiro de 2012

CASSIANO E DIQUINHO

Joaquim das Graças Caetano, o Cassiano, nasceu em Cássia/MG, para os íntimos Zicão, representa o caboclo simples da roça, de mãos grossas e calejadas, que cultiva as raízes do sertão desde os 16 anos de idade onde já se inspirava ouvindo moda raiz. Sua voz grave e marcante dispensa comentários.   José Antônio de Oliveira, o Diquinho, foi nascido em Capitólio/MG e reside na cidade da Itaú de Minas/MG, e seguiu o caminho de seu pai Valdomiro, cantando desde os sete anos. Caminhoneiro na região, segue firme com a viola nas mãos defendendo as tradições caipiras com talento e muita simplicidade. É de admirar o seu jeito simples de tocar e acima de tudo, o respeito pela viola, que é um instrumento tão divino.
A dupla se conheceu num encontro de “Bola e Viola” em Cássia e desde então a primeira voz de Diquinho e a segunda de Cassiano vem trazendo alegria e aplausos por onde passam, pois seguem preservando as coisas simples da roça, encantando a todos os admiradores da verdadeira música raiz.  O repertório é repleto de canções inéditas exaltando sempre os temas da vida cabocla e de seus costumes. São mais que uma dupla de violeiros,são verdadeiramente dois irmãos!
A dupla mineira está junta há 12 anos e são fãs e fiéis seguidores dos saudosos Tião Carreiro e Pardinho representando o estilo raiz, o mais “pesado”, conservando sempre o violão e a viola no peito.
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30 MODAS RAIZ CAIPIRA - ANOS 40


Este arquivo contém 30 (trinta) Músicas Sertanejas Raiz Caipira
em gravações originais da década dos anos 30/40/50.


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http://www.4shared.com/rar/m03QhPHa/30_MODAS_CAIPIRA_ANOS_40.html

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A DANÇA DO(A) CATIRA


ORIGEM DA CATIRA
A catira ou cateretê é uma dança genuínamente brasileira.Ninguém sabe ao certo a verdadeira origem dessa dança, alguns acreditam que foi uma mistura de várias culturas como a africana,espanhola,índigena e portuguesa.Mas outras acreditam que foi uma forma encontrada pelos jesuítas para melhor introsamento com os índios.  A dança, é muito chamativa devido ao seu vigor e sincronicidade, compõe-se de palmateios e sapateios ritmados que os catireiros executam, em duas fileiras - uma em frente à outra, formando pares.


COREOGRAFIA:
Para começar o Catira, o violeiro puxa o rasqueado e os dançadores fazem a "escova", isto é, um rápido bate-pé, bate-mão e seis pulos. A seguir o violeiro canta parte da moda, ajudado pelo "segunda" e volta ao "rasqueado". Os dançadores entram no bate-pé, bate-mão e dão seis pulos. Prossegue depois o violeiro o canto da Moda, recitando mais uns versos, que são seguidos de bate-pé, bate-mão e seis pulos. Quando encerra a moda, os dançadores após o bate-pé- e bate-mão, realizam a figura que se denomina "Serra Acima", na qual rodam uns atrás dos outros, da esquerda para a direita, batendo os pés e depois as mãos. Feita a volta completa, os dançadores viram-se e se voltam para trás, realizando o que se denomina "Serra Abaixo", sempre a alternar o bate-pé e o bate-mão. Ao terminar o "Serra Abaixo" cada um deve estar no seu lugar, afim de executar novamente o bate-pé, o bate-mão e seis pulos". O Catira encerra-se com o Recortado, no qual as fileiras trocam de lugar e assim também os dançadores, até que o violeiro e seu "segunda" se colocam na extremidade oposta e depois voltam aos seus lugares. Durante o recortado, depois do "levante", no qual todos levantam a melodia, cantando em coro, os cantadores entoam quadrinhas em ritmo vivo. No final do Recortado, os dançadores executam novamente o bate-pé, o bate-mão e os seis pulos. (Obs: Essa é uma explicação de apaenas uma formo das muitas que existem de dançar a Catira!)
Foi uma dança muito usada pelos catequistas, muito conhecida e difundida entre os caipiras do estado de São Paulo. Nas zonas litorâneas ( desde Angra dos Reis até a baía de Paranaguá) era dançado usando-se tamancos de madeira. Já nas zonas pastoris (Barretos, Guaratinguetá, Itararé, sul de São Paulo e Minas, Norte do Paraná e Goiás) usavam-se grandes esporas chilenas para retinir melhor o som. Em muitos locais desses estados, a dança era executada com os pés descalços. O catireiro procura sempre "pisar as cordas da viola", termo que designa sincronia entre o toque do instrumento com o bater de pés e mãos.
Grupos de Catira
-O Grupo Tradição Goiana, através de uma dança folclórica um pouco esquecida no mundo moderno que é o catira, gostam do que fazem. Este grupo é formado por seis componentes, surgiu em 26 de abril de 2004, pela necessidade de manter a tradição dessa dança típica da nossa região.
-O Grupos Catira Brasil , durante muitos anos o grupo participou de inúmeras apresentações em caráter beneficente.
Até 1996 sua finalidade maior era preservar uma tradição familiar portanto, suas apresentações não seguiam um calendário artístico rigoroso.
De 1997 em diante, o Grupo passou atuar de forma profissional, levando até seu público, um trabalho de maior qualidade.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A GRANDE EVOLUÇÃO DA MÚSICA SERTANEJA


O som dos novos sertanejos, especialmente o sertanejo universitário, é um modismo ou veio pra ficar? O que de verdade mudou para que o sertanejo, independente de suas vertentes, se tornasse o boom da música popular brasileira?
E qual foi o grande motivo para os jovens de todos o Brasil aderir maciçamente o som dos astros sertanejos?
O fantástico universo da música sertaneja não é fantástico por acaso. Novas formas de cantar, de compor, de produção e de arranjos foram incorporadas e o resultado está ai. Grandes nomes sertanejos incorporaram aos arranjos de suas músicas muita percussão, guitarras distorcidas, um meio estilo do axé baiano, o suingue do forró do nordeste. A versatilidade da música sertaneja não tem limites.
O preconceito de antes deu vez para os jovens papo-cabeça invadirem este universo. O sertanejo não mudou, ele tão somente cresceu, ele tão somente evolui. Desde a forma de se vestir, de produzir espetáculos com muita pirotécnica, muitos efeitos especiais, ao grande estilo dos maiores eventos da música internacional. As inúmeras apresentações exclusivas em rodeios deram vez aos álbuns acústicos, antes exclusividade da MPB e do pop rock tupiniquim e até shows intimistas, que valorizam a voz e a capacidade interpretativa do artista.
A música sertaneja de hoje, inclusive a universitária, não é um modismo. A música sertaneja, desde as modas de viola e os sons caipiras, não só atravessou o tempo com grandeza, mas tem se firmado como a verdadeira música popular brasileira.

O SERTANEJO DA CIDADE GRANDE
Com melodia simples e melancólica, a música sertaneja antigamente era prestigiada mais pelas pessoas do interior. Porém, com o surgimento de novas duplas e a modificação do sertanejo para sertanejo universitário, a conquista por admiradores vem crescendo cada vez mais. Atualmente, as músicas tratam de temas que se aproximam da realidade dos jovens das grandes cidades, como festas, estudantes, mulheres e outros. As novas duplas também costumam gravar sucessos do passado, mas com novas características e adaptações para agradar o público atual.
Conhecido como música caipira, o sertanejo surgiu em 1910, quando Cornélio Pires resolveu trazer as músicas do interior para a cidade grande. Cornélio Pires era escritor e jornalista e, em 1912, lançou o livro “Musa Caipira”, com versos da época. O primeiro arquivo registrado de um conjunto que cantava música sertaneja também tem início com Cornélio; o grupo se chamava “A Turma Caipira de Cornélio Pires”, formada por violeiros muito conhecidos naquele tempo. Cornélio gravou seu primeiro álbum em 1929, sendo este o primeiro material fonográfico no estilo.
Na década de 1930 surge a dupla Alvarenga e Ranchinho, uma das mais importantes de todos os tempos. Muitas foram surgindo depois, cantando temas como a tristeza da vida no sertão do Brasil e outros similares. Em 1939, a dupla Raul Torres e Serrinha introduziu o violão na música sertaneja e criou o primeiro programa de rádio dedicado a esse estilo, transmitido pela Record, que se chamava “Três Batutas do Sertão”. Com isso, o movimento que se estabelecia apenas no eixo São Paulo-Minas Gerais se expandiu para outras regiões, como Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e outros.
A explosão da música sertaneja no país se deu na década de 1980, quando começou a comercialização em larga escala. Os novos artistas traziam uma releitura de sucessos internacionais e mesmo da Jovem Guarda. Surgem nessa época Chitãozinho e Xororó (paranaenses radicados em São Paulo), Leandro e Leonardo (de Goiás) e Zezé di Camargo e Luciano (de Goiás).

AS DUPLAS PARANAENSES
No Paraná, não podemos deixar de falar de Nhô Belarmino (Salvador Graciano) e Nhá Gabriela (Júlia Alves Graciano). Com 15 anos de idade, em 1935, Nhô Belarmino se apresentava junto com a irmã, Nhá Quitéria (Pascoalina) em festividades da região de Rio Branco do Sul, sua cidade natal. A dupla se apresentou durante quatro anos. Com o casamento, Nhá Quitéria parou de fazer shows. Depois ele começou a se apresentar com sua esposa, a Nhá Gabriela. Uma das canções mais famosas que fizeram história por aqui é “As mocinhas da cidade”.
Outra dupla conhecida pelo Paraná é Leonel Rocha e Campos, que estão no cenário musical desde 1975. Leonel Rocha, além de cantor, também é apresentador de rádio e televisão. Criou e apresentou o programa Nossa Terra, Nossa Gente, apresentado durante 10 anos e exibido pelo SBT no Paraná. Leonel Rocha explica o rumo que o sertanejo vem tomando e o por quê desta evolução que agrada tanto os jovens. Segundo ele, a música sempre muda conforme as gerações. Porém, Leonel percebe algum tipo de preconceito. “Até pouco tempo atrás, os jovens não queriam admitir que gostavam de música sertaneja e caipira. Como não houve jeito de esconder, eles rotularam o sertanejo como ‘universitário’. As novas duplas usam um linguajar mais jovem, com refrãozinho mais agitado. Mas já está passando essa moda de sertanejo universitário e está voltando para o nosso sertanejo raiz, onde tudo se originou”, comenta. Ele também destaca o retorno da viola nas canções mais atuais, instrumento usado na música raiz.
Leonel começou a tocar aos nove anos e sempre gostou de música caipira. Ele conta um pouco sobre o nascimento da paixão pela música: “Ficava na frente do espelho cantando, querendo ser como os cantores famosos. Na época, existiam livrinhos de moda de viola, com cantores como Tonico e Tinoco e Cascatinha e Inhana. Eu adquiria esses livrinhos e ficava encantado. Eu era muito fã de Tonico e Tinoco”, revela. Leonel tinha o sonho de cantar junto com os ídolos e acabou fazendo shows ao lado da dupla.
Sobre as mudanças na música sertaneja, ele acredita que o estilo “universitário”, que está em voga hoje, não faria sucesso quando ele começou a tocar. “Tudo vem mudando e evoluindo. Essa modernização que virou consumo chegou agora. A música veio mais apelativa, para a juventude brincar e dançar”, finaliza.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

História de Tião Carreiro e Pardinho - OS REIS DA VIOLA

É quase impossível falar de música de viola caipira e não lembrar de Tião Carreiro & Pardinho, pois foram grandes instrumentistas e intérpretes da música sertaneja caipira no Brasil. Tião Carreiro é considerado o rei da viola e hoje em dia é muito reverenciado pelos amantes das modas de viola.
“Tião Carreiro” é o nome artístico de José Dias Nunes nasceu no dia 13/12/1934 em Monte Azul, região de Montes Claros, norte das Minas Gerais e faleceu em 15/10/1993 no Hospital da Beneficência Portuguesa na Capital Paulista. Criado numa fazenda nos arredores de Araçatuba, Interior Paulista, começou a tocar violão ainda pequeno com 8 anos de idade, quando também já cuidava do arado e dos afazeres na roça.
Aprendeu a tocar viola na adolescência, praticamente sozinho, sem nunca ter tido um professor. Isto porque em 1950, com apenas 13 anos, Tião Carreiro trabalhava no Circo Giglio, onde já cantava em dupla com seu primo Waldomiro (a dupla Palmeirinha e Coqueirinho); o dono do circo dizia que “dupla de violeiros tinha que tocar viola” enquanto que na época, Tião tocava Violão.
No mesmo ano, o mesmo circo apresentava em Araçatuba-SP a dupla Tonico & Tinoco. E enquanto os irmãos estavam no hotel, Tinoco havia deixado sua viola no circo e Tião aproveitou para “decorar a afinação escondido”.
 Algum tempo depois, Tião ganhou uma Violinha de presente, que havia sido pintada por Romeu, pintor lá da cidade de Araçatuba. A partir de então, se inspirou num dos maiores violeiros da época, que era o Florêncio (João Batista Pinto de Barretos-SP), que cantava em dupla com o Raul Torres (a famosa dupla pioneira “Torres e Florêncio”). Tião Carreiro alguns anos depois recebeu de presente a valiosíssima viola vermelha que pertenceu ao Florêncio.
Antes de conhecer o companheiro Pardinho, Tião Carreiro cantou em diversas duplas, tendo adotado diferentes nomes artísticos, tais como Zezinho (com Lenço Verde), Palmeirinha (com Coqueirinho) e Zé Mineiro (com Tietezinho).
 Tião Carreiro começou a gravar com Carreirinho em 1958 (“Rei do Gado” (Teddy Vieira), “Saudade de Araraquara” (Zé Carreiro), “Meu Carro É Minha Viola (Carreirinho – Mozart Novaes)” e “O Beijo” (Carreirinho), entre outras). Foram quatro anos, que renderam dez discos de 78 rpm e um LP.

Foi num circo ainda em Araçatuba-SP que Tião Carreiro conheceu Antônio Henrique de Lima, o Pardinho (São Carlos-SP 14/08/1932 – Sorocaba-SP 01/06/2001) que, como Tião, já havia trabalhado com outros parceiros na Música Caipira. A nova dupla, no início, tinha o nome de Zé Mineiro e Pardinho.







 Pardinho era um verdadeiro mestre no violão com bastante destreza nos solos. E soube dar a base perfeita para os solos de viola de Tião. Em todas as duplas que formou, foi sempre o responsável pela “primeira voz”.
Após uma vida batalhadora em Araçatuba, Tião Carreiro e Pardinho resolveram tentar a sorte na Capital Paulista. Em São Paulo, foram apresentados a Diogo Mulero, o conhecidíssimo Palmeira que fez dupla com Biá e também com Piraci e era na época o diretor de Música Sertaneja da gravadora RCA-Victor (hoje BMG), porém não foi gravado nenhum disco nesse primeiro encontro.  O primeiro disco, um “78 rpm”, só foi gravado algum tempo depois pela Columbia, para onde haviam sido levados pelo próprio Palmeira e também pelo renomado compositor Teddy Vieira de Azevedo (Itapetininga-SP: 23/12/1922 – 16/12/1965) (famoso pelos sucessos de “Menino da Porteira”, “Pagode em Brasília” e “Rei do Gado”, entre muitos outros).
 E aconteceu uma “troca de duplas”, entre Tião Carreiro e Pardinho e a dupla já existente “Zé Carreiro e Carreirinho” : a idéia foi de Teddy Vieira que era o então diretor do departamento de Música Sertaneja da Colúmbia;
Tião Carreiro formou dupla com Carreirinho e Pardinho formou dupla com Zé Carreiro. Também foi Teddy Vieira que sugeriu ao Zé Mineiro, como ainda era conhecido na época, o pseudônimo de Tião Carreiro, com o qual ficou famoso pelo resto da vida. A primeira dupla (Tião Carreiro e Carreirinho) lançou um LP que tinha o título “Meu Carro é Minha Viola”. A segunda dupla (Zé Carreiro e Pardinho) também lançou vários discos, e a “troca de duplas” durou três anos.

Ao lado de Pardinho, Tião Carreiro gravou a grande maioria de seus discos de sucesso, todos na Chantecler, entre eles “Cavaleiros do Bom Jesus”, “Boiadeiro Punho de Aço”, “Rancho dos Ipês”, “Modas de Viola Classe A” (em 4 volumes). No fim dos anos 60 e na década de 70 a dupla teve enorme popularidade, e sucessos como “Rio de Lágrimas” (Tião Carreiro – Lourival dos Santos – Piraci) (também conhecida como “Rio de Piracicaba”). Uma das “brigas feias” fez com que Pardinho deixasse a dupla em 1978; foi uma separação que durou quatro anos.
 Tião Carreiro fez dupla com José Plínio Trasferetti (o Paraíso), com quem gravou quatro discos nesses quatro anos; Foi nesse período que Pardinho fez dupla com Pardal. Após a curta parceria com Paraíso, Tião Carreiro voltou a se apresentar com Carreirinho por um período.
Tião Carreiro também gravou (sozinho) em 1976 e em 1979 os primeiros discos brasileiros contendo Solos de Viola, praticamente sem canto! (“É Isto Que o Povo Quer” e “O Criador e Rei do Pagode em Solo de Viola Caipira”), lançados também em um único CD com o nome “Dose Dupla – Tião Carreiro – Vol 2 pela Warner. Violeiro exímio, Tião gravou os dois discos instrumentais cultuando o gênero chamado pagode, criado por ele dentro dos parâmetros da Música Caipira.
 Juntaram-se novamente os famosos parceiros e Tião Carreiro e Pardinho gravaram mais seis LPs até 1991, quando Pardinho deixou novamente a dupla, após outra briga, e foi tocar com João Mulato. Tião Carreiro, dessa vez formou dupla com Praiano e gravou em 1992 “O Fogo e a Brasa”, quando começou a “eletrificar a Viola”, aderindo à moda que Sérgio Reis e Chitãozinho e Xororó também haviam aderido, porém com “Baladas Sertanejas” e “Guarânias”, sem ter havido a exagerada descaracterização do estilo, como veio a ocorrer posteriormente. Grande sucesso foi “Final dos Tempos”, uma Moda de Viola composta em parceria com Lourival dos Santos.
Realmente “Tião Carreiro e Pardinho” foi a dupla mais constante, na vida deste Mineiro do Norte. Além de terem cantado em excelente dupla, encenaram também duas peças teatrais, “O Mineiro e o Italiano”, melodrama baseado na musica homônima e também “Pai João”, drama de um velho carreiro; e gravaram também o filme “Sertão em Festa” , que foi também enorme sucesso de bilheteria.   E, apesar da “incompatibilidade de gênios”, Tião Carreiro e Pardinho chegaram a gravar quase 30 LP’s, todos remasterizados em CD.
Conforme visto, Tião Carreiro, cantou em dupla com Carreirinho, Paraíso e Praiano, quando das constantes brigas e separações que aconteceram entre o “Deus Carrancudo” e o Pardinho, apesar deste último ter sido o parceiro mais constante de Tião Carreiro. Existe uma certa dificuldade para “biografar” Tião Carreiro e Pardinho, não só pelas “idas e vindas” da dupla, como também devido a diversos nomes similares que existiram e continuam existindo na História da Música Caipira, com relação aos “Carreiros”.
O “Pagode”, o mesmo foi criado pelo Tião Carreiro no final da década de 50 em Maringá-PR; “Primeiro gravei uns acordes de Violão e depois os mesmos acordes, de trás pra frente, na Viola… aquele batidão diferente, com o Violão fazendo o ritmo do “coco” e a Viola, o do “Calango de Roda”, um tipo de Calango que tem lá na nossa região (Minas Gerais).” Tião ensaiou essas batidas com um gravador, e tocou a fita para que Lourival dos Santos e Teddy Vieira ouvissem; Lourival (nascido em Guaratinguetá-SP em 11/08/1917 – falecido em 19/05/1997), consagrado compositor, disse: “Isso parece um Pagode”! Estava “batizado” o novo ritmo; Pagode “lá pros lados das Gerais” quer dizer uma reunião, uma festa animada, e foi esse pagode por ele criado que deu ao Tião Carreiro o titulo de “O Criador e Rei do Pagode – Sua Majestade Tião Carreiro”. Título esse reconhecido por gerações de “Novos Caipiras” e renomados solistas de Viola, tais como Almir Sater, Renato Andrade e Téo Azevedo (os dois últimos também do Norte de Minas).
“Nasceu em Três Corações aquele que é o Rei da Bola, Rei do Pagode nasceu nos braços dessa Viola”.  Lembrando, que o Pagode de Tião Carreiro foi criado no final da década de 50, e o “Pagode Carioca” surgiu a partir da década de 80. 
Temos como alguns exemplos do ritmo criado por Tião Carreiro, os sucessos “Pagode” , “Pagode Em Brasília” e “Rio de Lágrimas”.
Muito doente e diabético, Tião Carreiro faleceu no dia 15/10/1993 no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. Mesmo sabendo da doença que tanto mal lhe fez no final da vida, Tião procurou sempre viver o melhor possível da vida que lhe restava: não largou jamais a Viola e também jamais suportou a idéia de ter que recusar os churrascos para os quais era freqüentemente convidado em diversos lugares do Brasil.

Baixe 30 Sucessos de Tião Carreiro e Pardinho

01- A Mão do Tempo/ 02- A Viola e o Violeiro
03- Ana Rosa/ 04- Aquarela Sertaneja
05- Arreio de Prata/ 06- Berrante de Ouro
07- Boi Soberano/ 08- Cabelo Loiro
09- Carreador/ 10- Estrela da Madrugada
11- Estrela de Ouro/ 12- Geada do Paraná
13- Ladrão de Terra/ 14- Mestre Carreiro
15- Mineiro de Monte Belo/ 16- No Som da Viola
17- Pagode em Brasilia/ 18- Palavra de Honra
19- Palco do Mundo/ 20- Pescador de Ivaí
21- Rainha do Vale/ 22- Rancho dos Ipês
23- Rei Sem Coroa / 24- Saudade de Minha Terra
25- Teu Nome Tem Sete Letras / 26- Travessia do Araguia
27- Urutu Cruzeiro / 28- Velho Amor
29- Versos aos Pés do Homem / 30- Viola Divina
                                                    
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